Organizadores

Brasília, DF, Brazil
Grupo de estudos do Curso de Pós-Graduação Virtual em Adolescência e Juventude da UCB.

sábado, 18 de junho de 2011

Individualização dos pais (configurações familiares)


De acordo com o dicionário Aurélio, família significa “[...] o pai, a mãe e os filhos; pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança; [...] comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união”. Mas a noção contemporânea torna o significado de família bem mais amplo, portanto, de acordo com o mesmo dicionário: “Grupo formado por indivíduos que são ou se consideram consangüíneos uns dos outros, ou por um descendente de um tronco ancestral comum e estranhos admitidos por adoção”.

A família vem passando por uma série de transformações e mudanças ao longo da história, principalmente a partir dos ideais da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. São influências sociais, econômicas, culturais, políticas e religiosas.
Um dos grandes desafios da atualidade gira em torno das novas configurações familiares ou novas famílias, novos arranjos familiares, formas de ligação afetiva entre sujeitos onde existe, ou não, uma forma de exercício da parentalidade que foge aos padrões tradicionais: famílias monoparentais, homoparentais, adotivas, recompostas, concubinárias, de produções independentes, e tantas outras.

A família da atualidade é caracterizada por redefinições de papéis, hierarquia e sociabilidade, permitindo diferentes configurações familiares, que estão centradas na valorização da solidariedade, da fraternidade, da ajuda mútua nos laços de afeto e amor (Fonseca, 2002, Rizzini, 2002).
Temos, ainda, as mudanças que afetam diretamente as condições de procriação tais como: barriga de aluguel, embriões congelados, procriação artificial com doador de esperma anônimo e, muito mais breve do que se pensa, a clonagem.
Estas modificações e reestruturações na organização familiar apontam a conclusões que apesar de ainda ser prevalecente na sociedade atual, a família nuclear é um modelo idealizado e reproduzido culturalmente, mas que está passando há longo tempo por um período de transição. Momento este ligado a uma época onde impera o individualismo, a globalização, o consumismo desenfreado, a nova ordem econômica mundial, as novas tecnologias e outros fatores que modificam as relações de trabalho, as relações pessoais e conseqüentemente as relações familiares. 
Com isso o que se observa não é exatamente o enfraquecimento da instituição familiar e sim o surgimento dos novos modelos e arranjos familiares.Mesmo com todas as modificações vigentes, o modelo de família nuclear ainda está arraigado culturalmente nas famílias e nas pessoas. As diversas transformações refletidas no campo familiar tem gerado conflitos internos à família, sendo que... ao homem criado desde pequenino para ser “macho”, “durão” provedor e protetor, se cobra de repente que seja “sensível”, colaborador... Criado para competir na “selva” do mercado de trabalho é agora convidado a dar mamadeiras, a trocar fraldas. Criado par prover, agora dele se espera que se reveze com a mulher nos cuidados com o bebê, enquanto ela sai, trabalha e ganha seu próprio dinheiro. À mulher criada desde pequenina para ser “suave”, “sensível”, “compreensiva” e “meiga”, se cobra de repente que seja “indiferente”, “competitiva”, “agressiva” no mercado de trabalho e que progrida profissionalmente (Cerveny, 1997, p.64-65).

No modelo dito “tradicional”, homens e mulheres tinham funções definidas. O pai que trabalhava fora dirigia o carro e passeava com a família nos finais de semana, era o provedor que detinha um poder inquestionável. Os cuidados da casa eram garantidos pela “rainha do lar”. 
Neste arranjo, todos pareciam felizes e tudo concordava com uma ordem imutável. Unidos para sempre, para o melhor e para o pior, pelos laços sagrados do matrimônio, as desavenças do casal não constituíam ameaças à estabilidade do lar. Até hoje este modelo é defendido por muitos como o único capaz de sustentar a ordem social e de produzir subjetivações sadias. O certo é que o ambiente familiar, independentemente de seu modelo, é a base de construção da cidadania de cada indivíduo.

www.franca.unesp.br/ANTIGOS E NOVOS ARRANJOS FAMILIARES..
COSTA, A. C. G. A família como questão social no Brasil. In: KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família brasileira a base de tudo.7.ed. São Paulo: Cortez, 2005
Mauro Lúcio Ribeiro Lima

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jovem - escolher também é perder

                                                                        “Escolher ou não escolher, eis a questão!

A maioria dos jovens encontra dificuldades no momento  de fazer a sua escolha profissional. É um momento de perdas e ganhos. Com a escolha o jovem sabe que irá ganhar, mas também sabe que irá perder.

O que perde o jovem ao escolher a profissão?
Ele sente-se perdendo antigos projetos, sonhos infantis, outras profissões que estavam na sua lista de preferência, colegas de escola.


Por ser um momento difícil o jovem utiliza-se muitas vezes de sonhos e idealizações sobre a profissão que pretende exercer com o objetivo de desenhar previamente um lugar ainda desconhecido que se vê prestes a ingressar.
Um problema que surge neste momento é que os jovens muitas vezes não conhecem a profissão que lhe interessa, ou tem idéias, fantasiosas ou idealizadas sobre a profissão pretendida, sendo uma escolha muitas vezes  mais imaginária do que real.

Acreditamos a família neste momento tem um papel importante,pois os  jovens se espelham muitas vezes nos pais para fazerem suas  escolhas profissionais.Às vezes, estes pais têm projetos para seus filhos ou os filhos desejam através de sua profissão ser importante para seus pais.

Estes jovens podem ficar confusos sem saber se é um desejo sua determinada escolha profissional ou não. Ás vezes, escolhe em função de seus familiares e se frustram. Porém pode escolher uma profissão igual a do pai ou da mãe e, isto poderá ser bom ou não. Para ser uma boa escolha, dependerá da condição de ter sido realizada com autonomia, de estar de acordo com a realidade e se esta profissão também lhe interessa e lhe motiva. A família que tem um bom entrosamento vai promover a auto-estima e autoconfiança do jovem ensinando seus filhos a escolher e não o que escolher. A melhor escolha será sempre a que poderá integrar seus desejos com a realidade.

Existem algumas condições que podem levar a uma escolha desajustada.  São elas:

٭  Quando a decisão é determinada por um único fator, tal como:
 O econômico, o status social desprezando os demais fatores referentes à profissão.
٭  Quando a escolha profissional ocorre por acaso, para aproveitar alguma oportunidade.
٭  Quando a escolha é feita com base em habilidades específicas. Ex. Ser bom em desenho e escolher arquitetura sem considerar outros fatores envolvidos na profissão.
٭  Quando jovem confunde hobby com escolha profissional. Ex. Gosto por esportes levando-o a escolher Educação Física como profissão.

Diante dessa realidade dizemos aos jovens que escolher é um ato de coragem. No momento final da decisão, você terá que ter a coragem de fazer a sua própria encolher. 

Silvio Bock. A escolha profissional: uma tentativa de compreensão da questão na perspectiva da relação indivíduo/ sociedade.

Maria do Socorro dos Santos Silva

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Realidades Juvenis no contexto vocacional

A juventude é, essencialmente, uma fase marcada por processos de definição de identidade e de inserção social, segundo Abramo, 2004. Os processos que levam a isso, no entanto, “se fazem de modo diferenciado segundo as desigualdades de classe, renda familiar, região do País, condição de moradia rural ou urbana, no centro ou na periferia, de etnia, gênero, etc”. (ABRAMO, 2004, p. 12). Dessa forma, “o reconhecimento da especificidade da juventude tem que ser feito num duplo registro: o da sua singularidade com relação a outros momentos da vida, e o da sua diversidade interna, que faz com que a condição juvenil assuma diferentes contornos” (ABRAMO, 2004, p. 12). Para abranger a pluralidade juvenil atual, costuma-se utilizar a expressão “juventudes”.

Dessa forma, a pluralidade juvenil remete a uma realidade cada vez mais complexa e desafiante, pois surgem constantemente novos rostos e grupos juvenis que vão configurando-se na sociedade e revelando-se numa heterogeneidade sempre maior. Dá-se enfoque aos jovens urbanos que estão diretamente ligados ao contexto da modernidade ou da pós-modernidade.
Cícero Marques, 2009.
Os grupos juvenis têm diferentes denominações: emos, góticos, clubbers, punks, skatistas, entre outros, e exigem uma análise que identifique a complexidade dos discursos que envolvem esses universos culturais e as práticas de seus participantes.

Uma característica facilmente percebida nas juventudes contemporâneas – e também em grande parte nos adultos – é o valor dado à subjetividade. Aqui merece destaque a existência de duas possibilidades: a individualização e o individualismo. A primeira supõe a construção de uma subjetividade aberta, que ressalta a singularidade de cada pessoa e abre espaço para a convivência fraterna com outros seres humanos, com o meio ambiente e com Deus. O individualismo, por sua vez, constrói uma subjetividade fechada, que isola o sujeito na sua autossuficiência e o afasta da convivência com outras pessoas, da participação comunitária e da corresponsabilidade na construção de “outro mundo possível”.


É importante que um trabalho de Animação Vocacional, assim como toda ação pastoral, ajude os adolescentes e jovens a vivenciarem um processo de humanização que liberte do fechamento na própria subjetividade e favoreça a vivência da alteridade, ou seja, o reconhecimento, aceitação e valorização do outro como outro, na sua diferença, nos ajuda a entender Rubio, 2006.
Cícero Marques, 2009.
As duas possibilidades são percebidas também no contexto eclesial, no qual se destaca a participação juvenil nas comunidades de base e paróquias, equipes de liturgia, catequese, pastorais e movimentos (CNBB, 2007, nº 47). A evangelização juvenil pode contribuir e muito para a construção da subjetividade aberta e a consequente humanização dos adolescentes e jovens. É preciso perceber, porém, que o jeito de o jovem participar e se relacionar com a Igreja é diferente. A evangelização da juventude, ainda que tenha como fundamento o seguimento de Jesus, apresenta necessidades específicas de linguagem e metodologia. Ela precisa está ciente dessas novas realidades juvenis e acreditar que é com esse público e perfil que Jesus tem de ser anunciado e seguido.


Por isso, devemos buscar uma forma atraente de apresentar ao jovem a pessoa de Jesus, motivando-o a fazer a experiência do seguimento. Uma boa referência é a forma como Jesus é percebido pelos discípulos de Emaús: alguém que caminha junto, escutando, dialogando e orientando. 
Cicero Marques, 2009.
Estes elementos não podem ser esquecidos num trabalho de Animação Vocacional contemporâneo. O contexto atual nos convida a viver em profundidade e amplitude todos os apelos históricos de renovação e cumprir a grande tarefa de proteger e alimentar a fé do povo de Deus e recordar que os cristãos e cristãs, vocacionados à vida, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, como evidencia a Conferência de Aparecida.





ABRAMO, Helena Wendel; BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Orgs). Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.


ABRAMO, Helena. et al. Projeto Juventude. Documento de Conclusão. São Paulo: Instituto Cidadania, 2004.


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. Brasília: CNBB, 2007.


PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE. Plano de Animação Vocacional. Brasília: PMBCN, 2011.


RUBIO, Alfonso García. Evangelização e maturidade afetiva. São Paulo, Paulinas, 2006.

James Pinheiro dos Santos

domingo, 12 de junho de 2011

Evangelização da Juventude ( Doc.CNBB-85).

Considerar o jovem como lugar teológico é acolher a voz de Deus que fala por ele. A novidade que a cultura juvenil nos apresenta neste momento, portanto, é sua Teologia, isto é, o discurso que Deus nos faz através da juventude. De fato, Deus nos fala pelo jovem. O jovem, nesta perspectiva, é uma realidade teológica que precisamos aprender a ler e a desvelar. Não se trata de sacralizar o jovem, imaginando-o como alguém que não erra; trata-se de ver o sagrado que se manifesta de muitas formas, também na realidade juvenil. Trata-se de fazer uma leitura teológica do que, de forma ampla, chamamos de “culturas juvenis”. Numa época em que se fala tanto de “inculturação” ou – em outros termos – de encarnar-se na realidade, de aceitar o novo, o plural e o diferente, na evangelização da juventude todo esse discurso toma feições muito concretas e imprevisíveis. Dizer que, para a Igreja, a juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora, é afirmar que se quer uma Igreja aberta ao novo, é afirmar que amamos o jovem não só porque ele representa a revitalização de qualquer sociedade, mas porque amamos, nele, uma realidade teológica em sua dimensão de mistério inesgotável e de perene novidade. (CNBB 85, §  80-81).

sábado, 11 de junho de 2011

Protagonismo Juvenil, eis a questão!

Encontro com a juventude de Águas Lindas de Goiás.
         Ei, você! Vamos trocar algumas idéias? Esses dias conversando com uma galera jovem, um deles mencionou a palavra protagonismo, e logo associou à palavra, a participação juvenil. A final, o que é protagonismo? Você topa refletir esse tema comigo? Vamos lá. A palavra protagonismo segundo (Bueno-2007) refere-se  a pessoa que ocupa o primeiro lugar num acontecimento, principal personagem de uma peça. Vejamos como essa palavra foi associada ao contexto juvenil para designar sua atuação e participação com sujeito de direitos. Galera, aqui um aceno importante; apesar de protagonismo se referir ao ator principal da ação, ninguém atua sozinho. Vale dizer que as bandeiras de luta da juventude precisam ser sonhadas no coletivo, e que o protagonismo juvenil aponta para a necessidade de uma comunhão de esperanças, de vozes que dialogam na tentativa de sensibilizar pessoas, e juntas transformar a história.

Encontro Rede Vozes.(El Salvador)
Em meados de 1990, a palavra protagonismo juvenil ganhou maior repercussão com as lutas e conquistas dos movimentos de garantia de direitos. A sociedade brasileira sentiu-se interpelada, a olhar sobre o lugar social de adolescentes e jovens como sujeitos de direitos, compreender qual a sua importância e o seu papel nos novos cenários globais, marcado pelos avanços das tecnologias, consumo desenfreado, influência das grandes mídias, situações de violação de direitos e exclusão social. Dada a complexidade do contexto social brasileiro, adolescentes e jovens, ainda enfrentam nessa fase da vida, grandes desafios. Eles têm necessidades de autoafirmação, de conquistar autonomia, de serem respeitados, de serem aceitos no seu ambiente social, de romper e superar os estigmas impostos pelo mundo adulto. Não é assim galera? 


Pessoal, nesse diálogo não podemos deixar de refletir um triste fato; na atual socieade, recai sobre a juventude  parcela de culpa pelos tantos problemas sociais, basta percebe como as mídias associa aos jovens o problema da violência, das drogas e  tantos outros. O que dizer dos estigmas quando o assunto é a criação de políticas públicas para a juventude. Os legisladores partem do pressuposto que o jovem é violento, instável, e que o Estado deve exercer sobre eles o controle e livrar a sociedade de suas possíveis ameaças. Em face de mecanismos que oprime a realidade juvenil, é urgente que aprendamos novos meios de estar come eles, fomentar sua participação com autonomia. Vale ressaltar que frente a tantos desafios, os adolescentes e jovens vão se afirmando, buscando caminhos, rompendo barreiras, dizendo sim a vida e construindo a história.


Bueno, Silveira: minidicionário da língua portuguesa. 2ed. São Paulo: FTD, 2007.
Clemilson Graciano.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Prolongamento na decisão vocacional-profissional

Entre vários fatores que observamos em relação ao prolongamento na decisão vocacional-profissional e à realização do Projeto de Vida, está o fato das novas tecnologias e mercado de trabalho exigir cada vez maior formação e capacitação faz com que muitos jovens prolonguem o tempo necessário para realização de seus projetos pessoais, vocacionais e profissionais.

Esse prolongamento no tempo, verificamos que se dá devido a uma maior necessidade de continuação dos estudos e capacitação profissional; à falta de emprego e/ou um subemprego que não possibilita realizar projetos como a formação a nível superior, aquisição de bens tais como casa própria, carro, objetos variados de consumo, etc.; outro aspecto que podemos observar no contexto atual das juventudes, é que se antes o casamento era um divisor de águas entre jovem e adulto, sendo em alguns grupos até um “rito de passagem”, perdeu seu referente uma vez que o modelo tradicional de família foi rompido na sociedade urbana em que vivemos onde as relações e formas de interação são cada vez mais complexas e diversas e as relações afetivo-sexuais são vividas e assumidas de diferentes formas. Essa necessidade de uma melhor formação e a falta de poder aquisitivo para assumir a autonomia e a independência dos pais, faz assim com que os projetos pessoais, vocacionais e/ou profissionais dos jovens sejam adiados.

Outro aspecto que marca esse momento, conforme afirma Pais(2008) e dificulta  esses processos são os “cenários sociais de crescente flexibilização das relações laborais e a precarização do emprego que tiveram um impacto particular no modo como os jovens acedem ao mercado de trabalho. Um emprego “para toda a vida” é algo que os jovens não podem considerar como garantido, o que tem contribuído para aumentar sua mobilidade profissional e geográfica”, como por exemplo, o aumento da migração de jovens de forma ilegal para EUA e outros países da Europa nas últimas décadas. A instabilidade econômica-social em que os jovens crescem faz assim com que seus sonhos e projetos de autonomia e independência sejam adiados e esses permanecem mais tempo junto aos pais.



PAIS, José Machado. Jovens europeus: retrato da diversidade. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP. nº 2. Nov. 2008.

Margareth Maria Araujo Mendes


terça-feira, 31 de maio de 2011

JUVENTUDE E VOCAÇÃO: o que é Orientação Vocacional?



Muito se tem falado em Orientação Vocacional e Profissional. No entanto, nós sabemos exatamente do que se trata? Para que serve?

Como podemos ver realizar escolha não é tarefa fácil. Durante toda a vida estamos efetuando escolhas profissionais. Em alguns momentos as dificuldades de escolha podem gerar incertezas, dúvidas e até mesmo impasses que podem ser enfrentados com o apoio de um Orientador Vocacional, estabelecendo uma parceria de trabalho com foco na elaboração dos nossos conflitos e em direção a uma escolha profissional.

Para isso, a Orientação Vocacional nos oferece um
ESPAÇO DE REFLEXÃO no qual possamos olhar para nós mesmo, nos conhecer e reconhecer.
Fundamenta-se, portanto, na discriminação de traços de personalidade, interesses, habilidades,  valores e aspirações. Pressupõe questionar e refletir permanentemente buscando articular nosso auto-conhecimento a um PROJETO FUTURO. Ao saber quem somos, poderemos descobrir quem desejamos vir a ser. Apostando no nosso desejo, poderemos efetuar uma escolha autêntica e comprometer-se com  nosso projeto profissional.

A orientação vocacional nada mais é do que testes psicológicos que são aplicados na pessoa para que ela decida qual profissão ela tem mais afinidade. imagem de orientação vocacional

Como a escolha profissional é um processo dinâmico que se inicia na infância e persiste por toda a vida sofrendo a influência de diversos fatores como fantasias, disposições inconscientes, família, situação sócio-econômica, distorções perceptivas e tantos outros, a Orientação Vocacional também desempenha a importante função de esclarecer os conflitos que estão na origem da dificuldade de escolha.
Mobilizado por estes conflitos torna-se ainda mais difícil decidir para que lado seguir frente a um caminho no qual se apresentam várias possibilidades.

Surgem dentro de nós vários questionamentos: O que significa fazer uma escolha? Quais os fatores que influenciam a tomada de decisão profissional? Quais as crenças e pré-conceitos envolvidos nesta escolha?

A estas perguntas somam-se, ainda, outras: quem sou eu? O que eu quero vir a ser? Quais são os meus limites e potencialidades? Para onde apontar meu desejo?

Neste processo a responsabilidade pela escolha é exclusivamente nossa. Quando pensamos em procurar uma Orientação Vocacional para que possa escolher por nós estamos abrindo mão do privilégio de sermos responsáveis pelo que queremos e pelo que faz da nossa vida. Ninguém tem o direito de escolher por nós, nem mesmo um orientador vocacional! A escolha cabe unicamente a nós.

Maria do Socorro dos S. Silva

VOCAÇÃO FUNDAMENTAL

Entendemos por vocação fundamental o chamado de cada pessoa á vida, a ser filho de Deus, a ser cristão. A tomar consciência de que todos somos irmãos e fazemos parte do reino de Deus.É um chamado a desenvolvermos plenamente todas as nossas potencialidades. Todas as Vocações são belas. Nenhuma é mais importante do que a outra. Toda vocação é para servir. Fomos todos chamados para essa missão. Toda Vocação está ligada ao serviço, à doação. A realização da pessoa consiste em acertar a própria Vocação e, assim, cumprir a tarefa que só a ela cabe.
Muitas vezes confundimos vocação e profissão. Entretanto, sempre é bom estabelecermos os limites de um e outro conceito para que não haja confusão. Vocação é da ordem do ser. Profissão é da ordem do fazer. Vocação é um estado de vida. Profissão é uma ocupação na vida. Todos nós nascemos com uma vocação, Deus nos dá a vocação de acordo com a nossa necessidade.

Como acontece o chamado?
A vocação é puro dom de Deus que excede a inclinação natural da pessoa. É preciso descobrir os caminhos em que Deus nos espera passar para nos dirigir a palavra. Às vezes Ele chama direta e imediatamente, mas às vezes dispõe de outras maneiras pelas quais se aproxima de nós utilizando meios normais, nos quais está presente como instigador e condutor de suas mediações.
Como se distingue uma vocação autêntica de uma falsa vocação?

O discernimento torna-se praticamente impossível para uma pessoa sozinha. Distinguir adequadamente a voz da Verdade no imenso concerto de vozes que freqüentemente ameaçam afogá-la é obra exclusiva de músicos muito habilidosos e de diretores muito experientes, e não simplesmente dos que gostam de fazê-lo. Daí a necessidade do acompanhamento vocacional.

E a resposta?
A resposta ao chamado de Deus só pode ser dada mediante a fé. Infelizmente esta é a dimensão da vocação em que mais se costuma falhar. Podemos pensar que responder a determinadas vocações ou estado de vida pode ser mais fácil que responder a outros, que consideramos mais agradáveis, enquanto há outros que consideramos difíceis e atemorizantes. Cada vocação se apresenta na vida de cada pessoa de modo único. Há pessoas que hesitaram em dar sua resposta, enquanto há outros que não hesitaram no primeiro “sim”, mas chegaram a abandonar o seguimento já começado.

Há vocações mantidas a grande custo, em meio a abalos interiores e exteriores, algumas cujo seguimento chega a ser considerado verdadeiro martírio, assumido conscientemente, na independência em relação às forças contrárias, porque assim como conta com forças contrárias, conta com a mesma força, profunda e real para segui-la. Toda resposta vocacional exige muitas renúncias, e isto acontece muito claramente no estado de vida: quem escolhe o matrimônio renuncia ao celibato e vice-versa. A renúncia, vista de longe, às vezes nos parece maior do que a opção. Esta é uma dificuldade que se pode encontrar no momento da escolha e pode se tornar uma perseguidora ilusão a querer fazer com que retrocedamos do caminho escolhido, constituindo uma das mais dolorosas tentações.

Qual a saída para este drama?
A abertura à origem de toda vocação e estado de vida: nascemos do Amor, para o Amor e para amar a Deus e aos outros. Aquele ou aquela que não está disposto ou disposta a abrir mão de viver para si mesmo, para colocar como prioridade o amor a Deus e o dom de si, não está preparado para escutar chamado algum, nem assumir vocação ou estado de vida algum dentro da Igreja.

É justamente na abertura e no serviço aos outros que a vocação vai se configurando e a nossa resposta vai se intensificando, apesar dos atritos, e, dizendo melhor, justamente por causa dos atritos. Por isso, antes de responder a qualquer vocação, é necessário a disposição de sair do egocentrismo que destrói toda forma de autodoação. Não existe realização vocacional onde não ocorra esta determinação. Para aqueles que receberam uma educação onde se cultivou como valores prioritários o ter, o poder e o prazer, torna-se muito mais difícil acolher uma vocação que se apresenta como caminho oposto a estes valores, e perseverar nela até o fim.

É aí que a formação para o amor contribui para o crescimento das vocações e a qualidade dos vocacionados, seja qual for o chamado de Deus para eles. Deus é o Amor que envolve inteiramente a nossa vida, e no qual precisamos “mergulhar” cada dia mais, para encontrarmos a vida plena, a vida feliz. Perder-se em Deus é encontrar-se cada dia mais.


Se tivermos sempre isto em mente não teremos medo de dizer “sim”, nem voltaremos atrás no “sim” pronunciado, mas ao contrário, nosso “sim” será sempre mais forte e profundo, para abranger os novos desafios que cada dia Deus nos propõe através da nossa vocação e estado de vida.

Mauro Lúcio Ribeiro Lima

Orientação profissional: um caminho de descoberta da vocação

    A orientação profissional talvez seja hoje, no campo educacional, social e religioso, a questão que mais aflige adolescentes, jovens e educadores, pois a corrida em preparação aos vestibulares e, mais a fundo, ao mercado de trabalho é um desafio que todos enfrentam neses contextos. A escolha da profissão pode parecer às vezes um fantasma e assombrar a todos. É nesse espaço de indecisão e de possíveis certezas que a orientação profissional entra de cheio.
      O momento de escolher uma profissão significa um dilema muito grande na vida das pessoas, pois envolve o seu futuro. Essa escolha quase sempre é feita na adolescência e na juventude, fases da vida em que se busca a identidade pessoal, profissional e quando raramente a pessoa está preparado para lidar sozinho com essa situação. Certamente a presença de educadores e educadoras nesse momento de escolha é de fundamental importância para que o adolescente e jovem cresçam e pelo menos sintam-se mais seguros nas escolhas que vão começar a fazer de agora em diante na sua vida.
    Tem-se uma visão distorcida, de que somente quem tem dúvidas sobre a profissão é que deve buscar auxilio. Enquanto na realidade a orientação profissional é uma medida preventiva, que visa auxiliar o adolescente e o jovem no processo de maturação em relação à escolha. Muitas vezes o jovem pensa que não tem dúvidas, por que não verificou todas as possibilidades e tem uma relação fantasiosa com aquela profissão desejada.
        O que os educadores têm de ter consciência é que a orientação profissional não é algo rígido, mas que precisa de muito diálogo e coragem de arriscar em busca desta descoberta profissional, tendo presente e orientando os adolescentes e jovens que pode dá certo ou não o percusso, mas se ele leva à felicidade, certamente está no caminho certo da sua vocação profissional.


James Pinheiro dos Santos

Sonho e Projeto de Vida

“O Futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” (Elleanor Roosevelt)

Quando queremos chegar a algum lugar, principalmente nos grandes centros, podemos utilizar de vários recursos: GPS, pessoas e lugares de referência, principais avenidas e mapas, mas principalmente o endereço em si e com esse em mãos, podemos planejar como chegar a esse local: tipo de transporte, tempo, mapa ou referências. Em nossa vida, com os sonhos é assim. O sonho é esse lugar onde queremos chegar, nosso desejo mais profundo, mas para alcança-lo precisamos ter clareza do que é necessário, do que queremos (endereço), ou seja, o mapa ou guia de orientação e nesse caso o recurso que utilizamos, é o Projeto de Vida.
Um Projeto de Vida é um plano colocado no papel para que possamos visualizar melhor os caminhos e recursos que necessitamos para alcançar nossos sonhos. Para isso, necessitamos ter clareza de nossos sonhos, objetivos e metas e, precisamos ter em mente também quais são os nossos valores, pois são eles que direcionarão nossas vidas. Se nossos sonhos e metas não estiverem em congruência com nossos valores mais profundos, dificilmente estaremos satisfeitos com nossas vidas. Mesmo alcançando os nossos sonhos, se eles não estiverem em harmonia com o que realmente nosso coração pede, sentiremos um vazio interior que poderá deixar-nos confusos e sem direção.
Nesse sentido é importante também um exercício de conhecer-nos cada vez mais, conhecer nossos valores e ter clareza daquilo que realmente queremos e perguntar-nos: qual é meu sonho? O que dá sentido à minha vida? Quais são meus valores? Essas perguntas ajudam-nos a tomar consciência do que somos e queremos.

E por último, nossos sonhos e projetos de vida, tem consequência não só em nossa vida, mas na vida de outras pessoas e no lugar onde estamos. E muitas vezes, esse sonho/projeto de vida é também o de outros e outras e é a partir desses que muitos homens e mulheres, que marcaram a história e a Igreja, viveram.
“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” (Raul Seixas)

Margareth M.A. Mendes

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O que é vocação?

Antes de qualquer reflexão, é necessário que saibamos o que significa a palavra vocação. A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamado. Todos nós somos chamados, de uma forma ou de outra à fazer algo, à alguma coisa.

Vocação sempre indica um chamado. E quem chama sempre deseja alguma resposta da pessoa a quem chama. Deus não age de forma diferente. Só que, ao chamar, Deus, antes de pedir Ele dá. Deus chamando o ser humano lhe dá a vida, a existência, e com a vida, dá-lhe também a liberdade.

Depois de ter chamado o homem e a mulher para a vida, Deus torna a chamá-los, porque há muitas coisas que Deus deseja fazer no mundo através deles. Deus não quer mais agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, Ele chama para pedir alguma coisa, confiar alguma missão. O chamado de Deus é sempre um desafio:
1. Ao sermos chamados à vida, nos comprometemos a cumprir uma determinada missão que todos os outros possam viver bem.
2. Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com a humanidade na busca da verdade e do bem vivendo como irmãos ve irmãs.
3. Ao sermos chamados a qualquer estado de vida (sacerdotal, religiosa, matrimonial, leiga) assumimos um compromisso específico com a comunidade  humana, de ajudá-la a encontrar a felicidade.

Para que isso aconteça é indispensável que cada um faça desabrochar e fortificar a vocação que está em seu interior (Mt 25,14-30). As capacidades e dons que temos devem estar voltados para as necessidades dos outros. Quanto mais o ser humano está voltado para o outro, mais realizado e feliz será. O verdadeiro amor é o que busca a felicidade do outro e não a própria. Podemos dizer que, vocação é a oferta divina que exige uma resposta e um compromisso com Deus.

A resposta do ser humano deve ser constantemente reassumida. É no dia-a-dia que se deve ir fazendo caminho e assumindo os riscos do nosso SIM. Vocação é descoberta do próprio ser pessoal. Todo homem é chamado a aperfeiçoar a bondade que existe, em germe, em seu interior, a descobrir a sua vocação, a construir um mundo fraterno onde haja sol para todos, vida para todos.

A vida não é feita só de momentos claros, nos quais se percebe perfeitamente a vontade de Deus. Muitas vezes é necessário seguir por caminhos escuros e até incomuns. Muitos devem lutar duramente para seguir sua vocação. "A Palavra de Deus não dispensa ninguém de pensar, de tatear, de buscar, de tomar decisões".

Vocação é convite pessoal que Deus dirige a cada um. Cada ser humano tem algo de pessoal, e uma maneira pessoal de realizá-lo. Ao descobrir sua vocação, o homem está se descobrindo a si mesmo. Daí a necessidade de permanecer atento a tudo, para perceber sua própria vocação.

Seguir uma vocação é buscar incansavelmente uma resposta aos próprios anseios. Todo ser humano é chamado a decidir-se, a assumir os valores descobertos em si e não poupar esforços para alcançar os objetivos propostos.