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Brasília, DF, Brazil
Grupo de estudos do Curso de Pós-Graduação Virtual em Adolescência e Juventude da UCB.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Realidades Juvenis no contexto vocacional

A juventude é, essencialmente, uma fase marcada por processos de definição de identidade e de inserção social, segundo Abramo, 2004. Os processos que levam a isso, no entanto, “se fazem de modo diferenciado segundo as desigualdades de classe, renda familiar, região do País, condição de moradia rural ou urbana, no centro ou na periferia, de etnia, gênero, etc”. (ABRAMO, 2004, p. 12). Dessa forma, “o reconhecimento da especificidade da juventude tem que ser feito num duplo registro: o da sua singularidade com relação a outros momentos da vida, e o da sua diversidade interna, que faz com que a condição juvenil assuma diferentes contornos” (ABRAMO, 2004, p. 12). Para abranger a pluralidade juvenil atual, costuma-se utilizar a expressão “juventudes”.

Dessa forma, a pluralidade juvenil remete a uma realidade cada vez mais complexa e desafiante, pois surgem constantemente novos rostos e grupos juvenis que vão configurando-se na sociedade e revelando-se numa heterogeneidade sempre maior. Dá-se enfoque aos jovens urbanos que estão diretamente ligados ao contexto da modernidade ou da pós-modernidade.
Cícero Marques, 2009.
Os grupos juvenis têm diferentes denominações: emos, góticos, clubbers, punks, skatistas, entre outros, e exigem uma análise que identifique a complexidade dos discursos que envolvem esses universos culturais e as práticas de seus participantes.

Uma característica facilmente percebida nas juventudes contemporâneas – e também em grande parte nos adultos – é o valor dado à subjetividade. Aqui merece destaque a existência de duas possibilidades: a individualização e o individualismo. A primeira supõe a construção de uma subjetividade aberta, que ressalta a singularidade de cada pessoa e abre espaço para a convivência fraterna com outros seres humanos, com o meio ambiente e com Deus. O individualismo, por sua vez, constrói uma subjetividade fechada, que isola o sujeito na sua autossuficiência e o afasta da convivência com outras pessoas, da participação comunitária e da corresponsabilidade na construção de “outro mundo possível”.


É importante que um trabalho de Animação Vocacional, assim como toda ação pastoral, ajude os adolescentes e jovens a vivenciarem um processo de humanização que liberte do fechamento na própria subjetividade e favoreça a vivência da alteridade, ou seja, o reconhecimento, aceitação e valorização do outro como outro, na sua diferença, nos ajuda a entender Rubio, 2006.
Cícero Marques, 2009.
As duas possibilidades são percebidas também no contexto eclesial, no qual se destaca a participação juvenil nas comunidades de base e paróquias, equipes de liturgia, catequese, pastorais e movimentos (CNBB, 2007, nº 47). A evangelização juvenil pode contribuir e muito para a construção da subjetividade aberta e a consequente humanização dos adolescentes e jovens. É preciso perceber, porém, que o jeito de o jovem participar e se relacionar com a Igreja é diferente. A evangelização da juventude, ainda que tenha como fundamento o seguimento de Jesus, apresenta necessidades específicas de linguagem e metodologia. Ela precisa está ciente dessas novas realidades juvenis e acreditar que é com esse público e perfil que Jesus tem de ser anunciado e seguido.


Por isso, devemos buscar uma forma atraente de apresentar ao jovem a pessoa de Jesus, motivando-o a fazer a experiência do seguimento. Uma boa referência é a forma como Jesus é percebido pelos discípulos de Emaús: alguém que caminha junto, escutando, dialogando e orientando. 
Cicero Marques, 2009.
Estes elementos não podem ser esquecidos num trabalho de Animação Vocacional contemporâneo. O contexto atual nos convida a viver em profundidade e amplitude todos os apelos históricos de renovação e cumprir a grande tarefa de proteger e alimentar a fé do povo de Deus e recordar que os cristãos e cristãs, vocacionados à vida, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, como evidencia a Conferência de Aparecida.





ABRAMO, Helena Wendel; BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Orgs). Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.


ABRAMO, Helena. et al. Projeto Juventude. Documento de Conclusão. São Paulo: Instituto Cidadania, 2004.


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. Brasília: CNBB, 2007.


PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE. Plano de Animação Vocacional. Brasília: PMBCN, 2011.


RUBIO, Alfonso García. Evangelização e maturidade afetiva. São Paulo, Paulinas, 2006.

James Pinheiro dos Santos

2 comentários:

  1. Primeiramente: PARABÉNS AO GRUPO!
    Está ótimo o trabalho.... vocês podem ser referência no assunto heheheh

    Sobre o texto, adorei a maneira utilizada para apresentar a relação entre individualização e individualismo, pois trata de uma singuliradade que deve ser respeitada no jovem, mas um comportamento social que deve ser rejeitado. Muito legal mesmo....

    Acredito que o trabalho de animação e orientação vocacional e profissional tem se tornado um desafio para os educadores que, muitas vezes, deixa de acreditar no seu papel haja vista o mito de que todos já tem a informação em suas mãos.
    Aprender a discení-la é um exercício e portanto um aprendizado, né mesmo?

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  2. O blog está muito legal mesmo. Importantissimo trazer à tona a questão vocacional. É muito dificil no contexto atual fazer escolhas. Num clima onde impera o fascinio pelo ter é fundamental oferecer aos jovens elementos e experiências concretas que os ajudem a optar pelo ser, enfrentando a pressão da família, dos amigos,da sociedade. Penso qe para construir um processo de alteridade é preciso proporcionar aos jovens experiências concretas de solidariedade onde o desafio de sair de si gere um novo olhar sobre si mesmo, ampliando assim seus horizontes. Parabéns plo trabalho do grupo.
    José Henrique Sasek

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