Entre vários fatores que observamos em relação ao prolongamento na decisão vocacional-profissional e à realização do Projeto de Vida, está o fato das novas tecnologias e mercado de trabalho exigir cada vez maior formação e capacitação faz com que muitos jovens prolonguem o tempo necessário para realização de seus projetos pessoais, vocacionais e profissionais.
Esse prolongamento no tempo, verificamos que se dá devido a uma maior necessidade de continuação dos estudos e capacitação profissional; à falta de emprego e/ou um subemprego que não possibilita realizar projetos como a formação a nível superior, aquisição de bens tais como casa própria, carro, objetos variados de consumo, etc.; outro aspecto que podemos observar no contexto atual das juventudes, é que se antes o casamento era um divisor de águas entre jovem e adulto, sendo em alguns grupos até um “rito de passagem”, perdeu seu referente uma vez que o modelo tradicional de família foi rompido na sociedade urbana em que vivemos onde as relações e formas de interação são cada vez mais complexas e diversas e as relações afetivo-sexuais são vividas e assumidas de diferentes formas. Essa necessidade de uma melhor formação e a falta de poder aquisitivo para assumir a autonomia e a independência dos pais, faz assim com que os projetos pessoais, vocacionais e/ou profissionais dos jovens sejam adiados.
Outro aspecto que marca esse momento, conforme afirma Pais(2008) e dificulta esses processos são os “cenários sociais de crescente flexibilização das relações laborais e a precarização do emprego que tiveram um impacto particular no modo como os jovens acedem ao mercado de trabalho. Um emprego “para toda a vida” é algo que os jovens não podem considerar como garantido, o que tem contribuído para aumentar sua mobilidade profissional e geográfica”, como por exemplo, o aumento da migração de jovens de forma ilegal para EUA e outros países da Europa nas últimas décadas. A instabilidade econômica-social em que os jovens crescem faz assim com que seus sonhos e projetos de autonomia e independência sejam adiados e esses permanecem mais tempo junto aos pais.
PAIS, José Machado. Jovens europeus: retrato da diversidade. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP. nº 2. Nov. 2008.
Margareth Maria Araujo Mendes
Este tema é muito atual em nosso trabalho diário com a juventude. Quando trabalho com os jovens o aspecto Projeto de Vida, tenho percebido uma tensão muito grande entre os jovens e sobretudo um medo de enfrentar o futuro e todas as adversidades que surgirão ao longo da vida. Com certeza, a permanência em casa dos pais, outrora até os 19 a 21 quando o jovem saia pra casar ou para trabalhar e ter sua vida independente, hoje esta se estendendo além dos 21 anos. Este texto nos remete a uma reflexão e a uma chamada de atenção no sentido de nós pastoralistas, estarmos atentos a essa realidade e trabalhar com a juventude este aspecto, muitas vezes esquecido em nosso apostolado.
ResponderExcluirEssa dificuldade presnte na maioria dos jovens de decisão vocacional-profissional, se dá ao fato de que eles não estão realmente prontos para criar sua identidade profissional nessa fase da vida.
ResponderExcluirPorém a sociedade os cobra de forma injusta uma postura adulta, que gera muitas vezes uma rebeldia por parte dos adolescentes.
Por causa dessa imaturidade muitas vezes os adolescentes são rotulados como rebeldes.
Larissa Ribeiro Batiste.
Olá Margareth,
ResponderExcluirAchei interessantísso você destacar ao final do seu texto o quanto as questões sociais e econômicas podem interferir na decisão profissional dos jovens e consequentemente, no trabalho de educadores dessa área de atuação. Também acredito que as questões da instabilidade social e econômica do nosso país, por exemplo, interferem diretamente sobre a trajetória profissional de todas as pessoas, não só de adolescentes e jovens,inclusive. Mas vemos também, que diferentemente de outras etapas da vida, essa instabilidade pode comprometer todo o desenvolvimento pessoal desses indivíduos, a medida que ela interfere na cosntrução do seu projeto de vida que essencialmente precisa também, ser a longo prazo.
Caros colegas,
ResponderExcluirOs comentários de vocês só tem enriquecido nosso blog e os temas abordados!! Obrigada!
Prezada Margareth:
ResponderExcluirÉ louvável o esforço que você fez para tentar identificar fatores e condicionamentos da mais diversa natureza que influem no adiantamento da chamada "decisão vocacional" ou da opção profissional.
Ao ler o texto, pensava também em como a questão do Projeto de Vida é algo difícil de elaborar hoje não somente por falta de oportunidades e condições socio-econômicas. Conheço jovens brasileiros, latinos e europeus que, mesmo tendo razoáveis chances de lutar e conquistar os seus objetivos profissionais, expressam muita insegurança quanto à sua capacidade de estabelecer relações afetivas duradouras ou a "definir-se" num estado de vida, profissão ou vocação permanentes.
Acredito que a dimensão afetiva e a adesão a valores nos quais podemos investir até a própria vida são elementos que também devem ser incluídos nessa análise.
Parabens pelo texto!
Caros colegas que tem postado em nosso blog a contribuição de vocês enriquecem nosso trabalho no sentido de continuarmos aprofundando os temas destacados até agora. Queremos manter esse blog como uma ferramenta a mais de apoio e formação de educadores e jovens.
ResponderExcluirObrigada!
Margareth