Organizadores

Brasília, DF, Brazil
Grupo de estudos do Curso de Pós-Graduação Virtual em Adolescência e Juventude da UCB.

sábado, 18 de junho de 2011

Individualização dos pais (configurações familiares)


De acordo com o dicionário Aurélio, família significa “[...] o pai, a mãe e os filhos; pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança; [...] comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união”. Mas a noção contemporânea torna o significado de família bem mais amplo, portanto, de acordo com o mesmo dicionário: “Grupo formado por indivíduos que são ou se consideram consangüíneos uns dos outros, ou por um descendente de um tronco ancestral comum e estranhos admitidos por adoção”.

A família vem passando por uma série de transformações e mudanças ao longo da história, principalmente a partir dos ideais da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. São influências sociais, econômicas, culturais, políticas e religiosas.
Um dos grandes desafios da atualidade gira em torno das novas configurações familiares ou novas famílias, novos arranjos familiares, formas de ligação afetiva entre sujeitos onde existe, ou não, uma forma de exercício da parentalidade que foge aos padrões tradicionais: famílias monoparentais, homoparentais, adotivas, recompostas, concubinárias, de produções independentes, e tantas outras.

A família da atualidade é caracterizada por redefinições de papéis, hierarquia e sociabilidade, permitindo diferentes configurações familiares, que estão centradas na valorização da solidariedade, da fraternidade, da ajuda mútua nos laços de afeto e amor (Fonseca, 2002, Rizzini, 2002).
Temos, ainda, as mudanças que afetam diretamente as condições de procriação tais como: barriga de aluguel, embriões congelados, procriação artificial com doador de esperma anônimo e, muito mais breve do que se pensa, a clonagem.
Estas modificações e reestruturações na organização familiar apontam a conclusões que apesar de ainda ser prevalecente na sociedade atual, a família nuclear é um modelo idealizado e reproduzido culturalmente, mas que está passando há longo tempo por um período de transição. Momento este ligado a uma época onde impera o individualismo, a globalização, o consumismo desenfreado, a nova ordem econômica mundial, as novas tecnologias e outros fatores que modificam as relações de trabalho, as relações pessoais e conseqüentemente as relações familiares. 
Com isso o que se observa não é exatamente o enfraquecimento da instituição familiar e sim o surgimento dos novos modelos e arranjos familiares.Mesmo com todas as modificações vigentes, o modelo de família nuclear ainda está arraigado culturalmente nas famílias e nas pessoas. As diversas transformações refletidas no campo familiar tem gerado conflitos internos à família, sendo que... ao homem criado desde pequenino para ser “macho”, “durão” provedor e protetor, se cobra de repente que seja “sensível”, colaborador... Criado para competir na “selva” do mercado de trabalho é agora convidado a dar mamadeiras, a trocar fraldas. Criado par prover, agora dele se espera que se reveze com a mulher nos cuidados com o bebê, enquanto ela sai, trabalha e ganha seu próprio dinheiro. À mulher criada desde pequenina para ser “suave”, “sensível”, “compreensiva” e “meiga”, se cobra de repente que seja “indiferente”, “competitiva”, “agressiva” no mercado de trabalho e que progrida profissionalmente (Cerveny, 1997, p.64-65).

No modelo dito “tradicional”, homens e mulheres tinham funções definidas. O pai que trabalhava fora dirigia o carro e passeava com a família nos finais de semana, era o provedor que detinha um poder inquestionável. Os cuidados da casa eram garantidos pela “rainha do lar”. 
Neste arranjo, todos pareciam felizes e tudo concordava com uma ordem imutável. Unidos para sempre, para o melhor e para o pior, pelos laços sagrados do matrimônio, as desavenças do casal não constituíam ameaças à estabilidade do lar. Até hoje este modelo é defendido por muitos como o único capaz de sustentar a ordem social e de produzir subjetivações sadias. O certo é que o ambiente familiar, independentemente de seu modelo, é a base de construção da cidadania de cada indivíduo.

www.franca.unesp.br/ANTIGOS E NOVOS ARRANJOS FAMILIARES..
COSTA, A. C. G. A família como questão social no Brasil. In: KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família brasileira a base de tudo.7.ed. São Paulo: Cortez, 2005
Mauro Lúcio Ribeiro Lima

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jovem - escolher também é perder

                                                                        “Escolher ou não escolher, eis a questão!

A maioria dos jovens encontra dificuldades no momento  de fazer a sua escolha profissional. É um momento de perdas e ganhos. Com a escolha o jovem sabe que irá ganhar, mas também sabe que irá perder.

O que perde o jovem ao escolher a profissão?
Ele sente-se perdendo antigos projetos, sonhos infantis, outras profissões que estavam na sua lista de preferência, colegas de escola.


Por ser um momento difícil o jovem utiliza-se muitas vezes de sonhos e idealizações sobre a profissão que pretende exercer com o objetivo de desenhar previamente um lugar ainda desconhecido que se vê prestes a ingressar.
Um problema que surge neste momento é que os jovens muitas vezes não conhecem a profissão que lhe interessa, ou tem idéias, fantasiosas ou idealizadas sobre a profissão pretendida, sendo uma escolha muitas vezes  mais imaginária do que real.

Acreditamos a família neste momento tem um papel importante,pois os  jovens se espelham muitas vezes nos pais para fazerem suas  escolhas profissionais.Às vezes, estes pais têm projetos para seus filhos ou os filhos desejam através de sua profissão ser importante para seus pais.

Estes jovens podem ficar confusos sem saber se é um desejo sua determinada escolha profissional ou não. Ás vezes, escolhe em função de seus familiares e se frustram. Porém pode escolher uma profissão igual a do pai ou da mãe e, isto poderá ser bom ou não. Para ser uma boa escolha, dependerá da condição de ter sido realizada com autonomia, de estar de acordo com a realidade e se esta profissão também lhe interessa e lhe motiva. A família que tem um bom entrosamento vai promover a auto-estima e autoconfiança do jovem ensinando seus filhos a escolher e não o que escolher. A melhor escolha será sempre a que poderá integrar seus desejos com a realidade.

Existem algumas condições que podem levar a uma escolha desajustada.  São elas:

٭  Quando a decisão é determinada por um único fator, tal como:
 O econômico, o status social desprezando os demais fatores referentes à profissão.
٭  Quando a escolha profissional ocorre por acaso, para aproveitar alguma oportunidade.
٭  Quando a escolha é feita com base em habilidades específicas. Ex. Ser bom em desenho e escolher arquitetura sem considerar outros fatores envolvidos na profissão.
٭  Quando jovem confunde hobby com escolha profissional. Ex. Gosto por esportes levando-o a escolher Educação Física como profissão.

Diante dessa realidade dizemos aos jovens que escolher é um ato de coragem. No momento final da decisão, você terá que ter a coragem de fazer a sua própria encolher. 

Silvio Bock. A escolha profissional: uma tentativa de compreensão da questão na perspectiva da relação indivíduo/ sociedade.

Maria do Socorro dos Santos Silva

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Realidades Juvenis no contexto vocacional

A juventude é, essencialmente, uma fase marcada por processos de definição de identidade e de inserção social, segundo Abramo, 2004. Os processos que levam a isso, no entanto, “se fazem de modo diferenciado segundo as desigualdades de classe, renda familiar, região do País, condição de moradia rural ou urbana, no centro ou na periferia, de etnia, gênero, etc”. (ABRAMO, 2004, p. 12). Dessa forma, “o reconhecimento da especificidade da juventude tem que ser feito num duplo registro: o da sua singularidade com relação a outros momentos da vida, e o da sua diversidade interna, que faz com que a condição juvenil assuma diferentes contornos” (ABRAMO, 2004, p. 12). Para abranger a pluralidade juvenil atual, costuma-se utilizar a expressão “juventudes”.

Dessa forma, a pluralidade juvenil remete a uma realidade cada vez mais complexa e desafiante, pois surgem constantemente novos rostos e grupos juvenis que vão configurando-se na sociedade e revelando-se numa heterogeneidade sempre maior. Dá-se enfoque aos jovens urbanos que estão diretamente ligados ao contexto da modernidade ou da pós-modernidade.
Cícero Marques, 2009.
Os grupos juvenis têm diferentes denominações: emos, góticos, clubbers, punks, skatistas, entre outros, e exigem uma análise que identifique a complexidade dos discursos que envolvem esses universos culturais e as práticas de seus participantes.

Uma característica facilmente percebida nas juventudes contemporâneas – e também em grande parte nos adultos – é o valor dado à subjetividade. Aqui merece destaque a existência de duas possibilidades: a individualização e o individualismo. A primeira supõe a construção de uma subjetividade aberta, que ressalta a singularidade de cada pessoa e abre espaço para a convivência fraterna com outros seres humanos, com o meio ambiente e com Deus. O individualismo, por sua vez, constrói uma subjetividade fechada, que isola o sujeito na sua autossuficiência e o afasta da convivência com outras pessoas, da participação comunitária e da corresponsabilidade na construção de “outro mundo possível”.


É importante que um trabalho de Animação Vocacional, assim como toda ação pastoral, ajude os adolescentes e jovens a vivenciarem um processo de humanização que liberte do fechamento na própria subjetividade e favoreça a vivência da alteridade, ou seja, o reconhecimento, aceitação e valorização do outro como outro, na sua diferença, nos ajuda a entender Rubio, 2006.
Cícero Marques, 2009.
As duas possibilidades são percebidas também no contexto eclesial, no qual se destaca a participação juvenil nas comunidades de base e paróquias, equipes de liturgia, catequese, pastorais e movimentos (CNBB, 2007, nº 47). A evangelização juvenil pode contribuir e muito para a construção da subjetividade aberta e a consequente humanização dos adolescentes e jovens. É preciso perceber, porém, que o jeito de o jovem participar e se relacionar com a Igreja é diferente. A evangelização da juventude, ainda que tenha como fundamento o seguimento de Jesus, apresenta necessidades específicas de linguagem e metodologia. Ela precisa está ciente dessas novas realidades juvenis e acreditar que é com esse público e perfil que Jesus tem de ser anunciado e seguido.


Por isso, devemos buscar uma forma atraente de apresentar ao jovem a pessoa de Jesus, motivando-o a fazer a experiência do seguimento. Uma boa referência é a forma como Jesus é percebido pelos discípulos de Emaús: alguém que caminha junto, escutando, dialogando e orientando. 
Cicero Marques, 2009.
Estes elementos não podem ser esquecidos num trabalho de Animação Vocacional contemporâneo. O contexto atual nos convida a viver em profundidade e amplitude todos os apelos históricos de renovação e cumprir a grande tarefa de proteger e alimentar a fé do povo de Deus e recordar que os cristãos e cristãs, vocacionados à vida, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, como evidencia a Conferência de Aparecida.





ABRAMO, Helena Wendel; BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Orgs). Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.


ABRAMO, Helena. et al. Projeto Juventude. Documento de Conclusão. São Paulo: Instituto Cidadania, 2004.


CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. Brasília: CNBB, 2007.


PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-NORTE. Plano de Animação Vocacional. Brasília: PMBCN, 2011.


RUBIO, Alfonso García. Evangelização e maturidade afetiva. São Paulo, Paulinas, 2006.

James Pinheiro dos Santos

domingo, 12 de junho de 2011

Evangelização da Juventude ( Doc.CNBB-85).

Considerar o jovem como lugar teológico é acolher a voz de Deus que fala por ele. A novidade que a cultura juvenil nos apresenta neste momento, portanto, é sua Teologia, isto é, o discurso que Deus nos faz através da juventude. De fato, Deus nos fala pelo jovem. O jovem, nesta perspectiva, é uma realidade teológica que precisamos aprender a ler e a desvelar. Não se trata de sacralizar o jovem, imaginando-o como alguém que não erra; trata-se de ver o sagrado que se manifesta de muitas formas, também na realidade juvenil. Trata-se de fazer uma leitura teológica do que, de forma ampla, chamamos de “culturas juvenis”. Numa época em que se fala tanto de “inculturação” ou – em outros termos – de encarnar-se na realidade, de aceitar o novo, o plural e o diferente, na evangelização da juventude todo esse discurso toma feições muito concretas e imprevisíveis. Dizer que, para a Igreja, a juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora, é afirmar que se quer uma Igreja aberta ao novo, é afirmar que amamos o jovem não só porque ele representa a revitalização de qualquer sociedade, mas porque amamos, nele, uma realidade teológica em sua dimensão de mistério inesgotável e de perene novidade. (CNBB 85, §  80-81).

sábado, 11 de junho de 2011

Protagonismo Juvenil, eis a questão!

Encontro com a juventude de Águas Lindas de Goiás.
         Ei, você! Vamos trocar algumas idéias? Esses dias conversando com uma galera jovem, um deles mencionou a palavra protagonismo, e logo associou à palavra, a participação juvenil. A final, o que é protagonismo? Você topa refletir esse tema comigo? Vamos lá. A palavra protagonismo segundo (Bueno-2007) refere-se  a pessoa que ocupa o primeiro lugar num acontecimento, principal personagem de uma peça. Vejamos como essa palavra foi associada ao contexto juvenil para designar sua atuação e participação com sujeito de direitos. Galera, aqui um aceno importante; apesar de protagonismo se referir ao ator principal da ação, ninguém atua sozinho. Vale dizer que as bandeiras de luta da juventude precisam ser sonhadas no coletivo, e que o protagonismo juvenil aponta para a necessidade de uma comunhão de esperanças, de vozes que dialogam na tentativa de sensibilizar pessoas, e juntas transformar a história.

Encontro Rede Vozes.(El Salvador)
Em meados de 1990, a palavra protagonismo juvenil ganhou maior repercussão com as lutas e conquistas dos movimentos de garantia de direitos. A sociedade brasileira sentiu-se interpelada, a olhar sobre o lugar social de adolescentes e jovens como sujeitos de direitos, compreender qual a sua importância e o seu papel nos novos cenários globais, marcado pelos avanços das tecnologias, consumo desenfreado, influência das grandes mídias, situações de violação de direitos e exclusão social. Dada a complexidade do contexto social brasileiro, adolescentes e jovens, ainda enfrentam nessa fase da vida, grandes desafios. Eles têm necessidades de autoafirmação, de conquistar autonomia, de serem respeitados, de serem aceitos no seu ambiente social, de romper e superar os estigmas impostos pelo mundo adulto. Não é assim galera? 


Pessoal, nesse diálogo não podemos deixar de refletir um triste fato; na atual socieade, recai sobre a juventude  parcela de culpa pelos tantos problemas sociais, basta percebe como as mídias associa aos jovens o problema da violência, das drogas e  tantos outros. O que dizer dos estigmas quando o assunto é a criação de políticas públicas para a juventude. Os legisladores partem do pressuposto que o jovem é violento, instável, e que o Estado deve exercer sobre eles o controle e livrar a sociedade de suas possíveis ameaças. Em face de mecanismos que oprime a realidade juvenil, é urgente que aprendamos novos meios de estar come eles, fomentar sua participação com autonomia. Vale ressaltar que frente a tantos desafios, os adolescentes e jovens vão se afirmando, buscando caminhos, rompendo barreiras, dizendo sim a vida e construindo a história.


Bueno, Silveira: minidicionário da língua portuguesa. 2ed. São Paulo: FTD, 2007.
Clemilson Graciano.