Organizadores

Brasília, DF, Brazil
Grupo de estudos do Curso de Pós-Graduação Virtual em Adolescência e Juventude da UCB.

terça-feira, 31 de maio de 2011

JUVENTUDE E VOCAÇÃO: o que é Orientação Vocacional?



Muito se tem falado em Orientação Vocacional e Profissional. No entanto, nós sabemos exatamente do que se trata? Para que serve?

Como podemos ver realizar escolha não é tarefa fácil. Durante toda a vida estamos efetuando escolhas profissionais. Em alguns momentos as dificuldades de escolha podem gerar incertezas, dúvidas e até mesmo impasses que podem ser enfrentados com o apoio de um Orientador Vocacional, estabelecendo uma parceria de trabalho com foco na elaboração dos nossos conflitos e em direção a uma escolha profissional.

Para isso, a Orientação Vocacional nos oferece um
ESPAÇO DE REFLEXÃO no qual possamos olhar para nós mesmo, nos conhecer e reconhecer.
Fundamenta-se, portanto, na discriminação de traços de personalidade, interesses, habilidades,  valores e aspirações. Pressupõe questionar e refletir permanentemente buscando articular nosso auto-conhecimento a um PROJETO FUTURO. Ao saber quem somos, poderemos descobrir quem desejamos vir a ser. Apostando no nosso desejo, poderemos efetuar uma escolha autêntica e comprometer-se com  nosso projeto profissional.

A orientação vocacional nada mais é do que testes psicológicos que são aplicados na pessoa para que ela decida qual profissão ela tem mais afinidade. imagem de orientação vocacional

Como a escolha profissional é um processo dinâmico que se inicia na infância e persiste por toda a vida sofrendo a influência de diversos fatores como fantasias, disposições inconscientes, família, situação sócio-econômica, distorções perceptivas e tantos outros, a Orientação Vocacional também desempenha a importante função de esclarecer os conflitos que estão na origem da dificuldade de escolha.
Mobilizado por estes conflitos torna-se ainda mais difícil decidir para que lado seguir frente a um caminho no qual se apresentam várias possibilidades.

Surgem dentro de nós vários questionamentos: O que significa fazer uma escolha? Quais os fatores que influenciam a tomada de decisão profissional? Quais as crenças e pré-conceitos envolvidos nesta escolha?

A estas perguntas somam-se, ainda, outras: quem sou eu? O que eu quero vir a ser? Quais são os meus limites e potencialidades? Para onde apontar meu desejo?

Neste processo a responsabilidade pela escolha é exclusivamente nossa. Quando pensamos em procurar uma Orientação Vocacional para que possa escolher por nós estamos abrindo mão do privilégio de sermos responsáveis pelo que queremos e pelo que faz da nossa vida. Ninguém tem o direito de escolher por nós, nem mesmo um orientador vocacional! A escolha cabe unicamente a nós.

Maria do Socorro dos S. Silva

VOCAÇÃO FUNDAMENTAL

Entendemos por vocação fundamental o chamado de cada pessoa á vida, a ser filho de Deus, a ser cristão. A tomar consciência de que todos somos irmãos e fazemos parte do reino de Deus.É um chamado a desenvolvermos plenamente todas as nossas potencialidades. Todas as Vocações são belas. Nenhuma é mais importante do que a outra. Toda vocação é para servir. Fomos todos chamados para essa missão. Toda Vocação está ligada ao serviço, à doação. A realização da pessoa consiste em acertar a própria Vocação e, assim, cumprir a tarefa que só a ela cabe.
Muitas vezes confundimos vocação e profissão. Entretanto, sempre é bom estabelecermos os limites de um e outro conceito para que não haja confusão. Vocação é da ordem do ser. Profissão é da ordem do fazer. Vocação é um estado de vida. Profissão é uma ocupação na vida. Todos nós nascemos com uma vocação, Deus nos dá a vocação de acordo com a nossa necessidade.

Como acontece o chamado?
A vocação é puro dom de Deus que excede a inclinação natural da pessoa. É preciso descobrir os caminhos em que Deus nos espera passar para nos dirigir a palavra. Às vezes Ele chama direta e imediatamente, mas às vezes dispõe de outras maneiras pelas quais se aproxima de nós utilizando meios normais, nos quais está presente como instigador e condutor de suas mediações.
Como se distingue uma vocação autêntica de uma falsa vocação?

O discernimento torna-se praticamente impossível para uma pessoa sozinha. Distinguir adequadamente a voz da Verdade no imenso concerto de vozes que freqüentemente ameaçam afogá-la é obra exclusiva de músicos muito habilidosos e de diretores muito experientes, e não simplesmente dos que gostam de fazê-lo. Daí a necessidade do acompanhamento vocacional.

E a resposta?
A resposta ao chamado de Deus só pode ser dada mediante a fé. Infelizmente esta é a dimensão da vocação em que mais se costuma falhar. Podemos pensar que responder a determinadas vocações ou estado de vida pode ser mais fácil que responder a outros, que consideramos mais agradáveis, enquanto há outros que consideramos difíceis e atemorizantes. Cada vocação se apresenta na vida de cada pessoa de modo único. Há pessoas que hesitaram em dar sua resposta, enquanto há outros que não hesitaram no primeiro “sim”, mas chegaram a abandonar o seguimento já começado.

Há vocações mantidas a grande custo, em meio a abalos interiores e exteriores, algumas cujo seguimento chega a ser considerado verdadeiro martírio, assumido conscientemente, na independência em relação às forças contrárias, porque assim como conta com forças contrárias, conta com a mesma força, profunda e real para segui-la. Toda resposta vocacional exige muitas renúncias, e isto acontece muito claramente no estado de vida: quem escolhe o matrimônio renuncia ao celibato e vice-versa. A renúncia, vista de longe, às vezes nos parece maior do que a opção. Esta é uma dificuldade que se pode encontrar no momento da escolha e pode se tornar uma perseguidora ilusão a querer fazer com que retrocedamos do caminho escolhido, constituindo uma das mais dolorosas tentações.

Qual a saída para este drama?
A abertura à origem de toda vocação e estado de vida: nascemos do Amor, para o Amor e para amar a Deus e aos outros. Aquele ou aquela que não está disposto ou disposta a abrir mão de viver para si mesmo, para colocar como prioridade o amor a Deus e o dom de si, não está preparado para escutar chamado algum, nem assumir vocação ou estado de vida algum dentro da Igreja.

É justamente na abertura e no serviço aos outros que a vocação vai se configurando e a nossa resposta vai se intensificando, apesar dos atritos, e, dizendo melhor, justamente por causa dos atritos. Por isso, antes de responder a qualquer vocação, é necessário a disposição de sair do egocentrismo que destrói toda forma de autodoação. Não existe realização vocacional onde não ocorra esta determinação. Para aqueles que receberam uma educação onde se cultivou como valores prioritários o ter, o poder e o prazer, torna-se muito mais difícil acolher uma vocação que se apresenta como caminho oposto a estes valores, e perseverar nela até o fim.

É aí que a formação para o amor contribui para o crescimento das vocações e a qualidade dos vocacionados, seja qual for o chamado de Deus para eles. Deus é o Amor que envolve inteiramente a nossa vida, e no qual precisamos “mergulhar” cada dia mais, para encontrarmos a vida plena, a vida feliz. Perder-se em Deus é encontrar-se cada dia mais.


Se tivermos sempre isto em mente não teremos medo de dizer “sim”, nem voltaremos atrás no “sim” pronunciado, mas ao contrário, nosso “sim” será sempre mais forte e profundo, para abranger os novos desafios que cada dia Deus nos propõe através da nossa vocação e estado de vida.

Mauro Lúcio Ribeiro Lima

Orientação profissional: um caminho de descoberta da vocação

    A orientação profissional talvez seja hoje, no campo educacional, social e religioso, a questão que mais aflige adolescentes, jovens e educadores, pois a corrida em preparação aos vestibulares e, mais a fundo, ao mercado de trabalho é um desafio que todos enfrentam neses contextos. A escolha da profissão pode parecer às vezes um fantasma e assombrar a todos. É nesse espaço de indecisão e de possíveis certezas que a orientação profissional entra de cheio.
      O momento de escolher uma profissão significa um dilema muito grande na vida das pessoas, pois envolve o seu futuro. Essa escolha quase sempre é feita na adolescência e na juventude, fases da vida em que se busca a identidade pessoal, profissional e quando raramente a pessoa está preparado para lidar sozinho com essa situação. Certamente a presença de educadores e educadoras nesse momento de escolha é de fundamental importância para que o adolescente e jovem cresçam e pelo menos sintam-se mais seguros nas escolhas que vão começar a fazer de agora em diante na sua vida.
    Tem-se uma visão distorcida, de que somente quem tem dúvidas sobre a profissão é que deve buscar auxilio. Enquanto na realidade a orientação profissional é uma medida preventiva, que visa auxiliar o adolescente e o jovem no processo de maturação em relação à escolha. Muitas vezes o jovem pensa que não tem dúvidas, por que não verificou todas as possibilidades e tem uma relação fantasiosa com aquela profissão desejada.
        O que os educadores têm de ter consciência é que a orientação profissional não é algo rígido, mas que precisa de muito diálogo e coragem de arriscar em busca desta descoberta profissional, tendo presente e orientando os adolescentes e jovens que pode dá certo ou não o percusso, mas se ele leva à felicidade, certamente está no caminho certo da sua vocação profissional.


James Pinheiro dos Santos

Sonho e Projeto de Vida

“O Futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” (Elleanor Roosevelt)

Quando queremos chegar a algum lugar, principalmente nos grandes centros, podemos utilizar de vários recursos: GPS, pessoas e lugares de referência, principais avenidas e mapas, mas principalmente o endereço em si e com esse em mãos, podemos planejar como chegar a esse local: tipo de transporte, tempo, mapa ou referências. Em nossa vida, com os sonhos é assim. O sonho é esse lugar onde queremos chegar, nosso desejo mais profundo, mas para alcança-lo precisamos ter clareza do que é necessário, do que queremos (endereço), ou seja, o mapa ou guia de orientação e nesse caso o recurso que utilizamos, é o Projeto de Vida.
Um Projeto de Vida é um plano colocado no papel para que possamos visualizar melhor os caminhos e recursos que necessitamos para alcançar nossos sonhos. Para isso, necessitamos ter clareza de nossos sonhos, objetivos e metas e, precisamos ter em mente também quais são os nossos valores, pois são eles que direcionarão nossas vidas. Se nossos sonhos e metas não estiverem em congruência com nossos valores mais profundos, dificilmente estaremos satisfeitos com nossas vidas. Mesmo alcançando os nossos sonhos, se eles não estiverem em harmonia com o que realmente nosso coração pede, sentiremos um vazio interior que poderá deixar-nos confusos e sem direção.
Nesse sentido é importante também um exercício de conhecer-nos cada vez mais, conhecer nossos valores e ter clareza daquilo que realmente queremos e perguntar-nos: qual é meu sonho? O que dá sentido à minha vida? Quais são meus valores? Essas perguntas ajudam-nos a tomar consciência do que somos e queremos.

E por último, nossos sonhos e projetos de vida, tem consequência não só em nossa vida, mas na vida de outras pessoas e no lugar onde estamos. E muitas vezes, esse sonho/projeto de vida é também o de outros e outras e é a partir desses que muitos homens e mulheres, que marcaram a história e a Igreja, viveram.
“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” (Raul Seixas)

Margareth M.A. Mendes

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O que é vocação?

Antes de qualquer reflexão, é necessário que saibamos o que significa a palavra vocação. A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamado. Todos nós somos chamados, de uma forma ou de outra à fazer algo, à alguma coisa.

Vocação sempre indica um chamado. E quem chama sempre deseja alguma resposta da pessoa a quem chama. Deus não age de forma diferente. Só que, ao chamar, Deus, antes de pedir Ele dá. Deus chamando o ser humano lhe dá a vida, a existência, e com a vida, dá-lhe também a liberdade.

Depois de ter chamado o homem e a mulher para a vida, Deus torna a chamá-los, porque há muitas coisas que Deus deseja fazer no mundo através deles. Deus não quer mais agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, Ele chama para pedir alguma coisa, confiar alguma missão. O chamado de Deus é sempre um desafio:
1. Ao sermos chamados à vida, nos comprometemos a cumprir uma determinada missão que todos os outros possam viver bem.
2. Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com a humanidade na busca da verdade e do bem vivendo como irmãos ve irmãs.
3. Ao sermos chamados a qualquer estado de vida (sacerdotal, religiosa, matrimonial, leiga) assumimos um compromisso específico com a comunidade  humana, de ajudá-la a encontrar a felicidade.

Para que isso aconteça é indispensável que cada um faça desabrochar e fortificar a vocação que está em seu interior (Mt 25,14-30). As capacidades e dons que temos devem estar voltados para as necessidades dos outros. Quanto mais o ser humano está voltado para o outro, mais realizado e feliz será. O verdadeiro amor é o que busca a felicidade do outro e não a própria. Podemos dizer que, vocação é a oferta divina que exige uma resposta e um compromisso com Deus.

A resposta do ser humano deve ser constantemente reassumida. É no dia-a-dia que se deve ir fazendo caminho e assumindo os riscos do nosso SIM. Vocação é descoberta do próprio ser pessoal. Todo homem é chamado a aperfeiçoar a bondade que existe, em germe, em seu interior, a descobrir a sua vocação, a construir um mundo fraterno onde haja sol para todos, vida para todos.

A vida não é feita só de momentos claros, nos quais se percebe perfeitamente a vontade de Deus. Muitas vezes é necessário seguir por caminhos escuros e até incomuns. Muitos devem lutar duramente para seguir sua vocação. "A Palavra de Deus não dispensa ninguém de pensar, de tatear, de buscar, de tomar decisões".

Vocação é convite pessoal que Deus dirige a cada um. Cada ser humano tem algo de pessoal, e uma maneira pessoal de realizá-lo. Ao descobrir sua vocação, o homem está se descobrindo a si mesmo. Daí a necessidade de permanecer atento a tudo, para perceber sua própria vocação.

Seguir uma vocação é buscar incansavelmente uma resposta aos próprios anseios. Todo ser humano é chamado a decidir-se, a assumir os valores descobertos em si e não poupar esforços para alcançar os objetivos propostos.